romA atloV

Finalmente chegou o dia.

Sabia que assim seria, mais cedo ou mais tarde.

Costuma ser assim connosco, humanos.

Amor é o que nos move. 

 

Sem ele, a alma morre.

O olho não brilha.

O corpo desvanece, lentamente.

 

Neste caso,

falo sobre amor romântico.

Há uns anos que não o sinto.

Começa a fazer falta.

Já tenho algumas dúvidas sobre o que é, sinceramente.

Mas sei que se sente.

Dito isto, gostava de me apaixonar de novo. 

 

Amor,

tenho saudades tuas. Tenho saudades de ter saudades.

Passeio pelas ruas, vejo-te.

Dentro da minha família, vejo-te. 

 

Não te vejo dentro destas 4 paredes do meu pequeno quarto,

que assim mais parece um pavilhão.

Dentro do meu grupo de amigos, vejo-te.

Vejo filmes,

talvez o meu melhor hábito,

e lá estás tu.

Vejo-te em todo o lado, mas nunca és o nosso. 

 

Por fim a coragem veio e,

pela primeira vez,

escrevo para uma desconhecida.

 

Escrevo para ti.

O meu próximo amor.

A Bonnie do meu Clyde.

A minha parceira na legalidade e no crime.

Na pureza e no pecado. 

 

Podemos estar longe um do outro.

Em espaço ou em tempo.

Talvez ambos.

Mas sinto-te cada vez mais perto. 

 

Eles dizem que quando se vai à procura,

é quando não se encontra.

 

Por isso, vamos jogar um jogo.

Só eu e tu.

Eu vou caminhar na tua direção,

e tu na minha.

Mas nem tu, nem eu,

vamos ter as direções que nos levam um ao outro.

Apenas podemos usar as bússolas douradas que batem nos nossos peitos.

Se bater mais depressa, é porque estamos no caminho certo. 

 

Assim, se acabarmos por nos encontrar,

será obra do destino, tão popular nas bocas do povo.

Será à moda antiga, como é suposto.

Se fizeres batota,

és automaticamente desqualificada.

 

Confesso que já estou farto de nomes e caras esquecidas.

Já estou cansado de ter as emoções controladas.

Quero que me venhas virar a cabeça do avesso.

Quero que me venhas tirar o chão.

Que me deixes knockout com 3 bofas desse teu charme na carola. 

 

Apesar de se tornar solitário por vezes,

também gosto de estar solteiro, não vou negar.

Mas passo demasiado tempo na minha cabeça.

 

Estar solteiro é mais ”fácil” talvez.

Mais espaço, menos sacrifício, mais paz, menos trabalho.

Mas sabe a pouco.

Quero um novo tempero.

Enjoei de sal e pimenta.

Traz-me o teu açúcar e o teu piri-piri,

e dá um novo sabor à minha vida. 

 

Quero-te a ti.

Quero olhar para ti todos os dias como se fosse a primeira vez.

Sentir borboletas a sair dos casulos no meu estômago.

Coração a rachar costela.

Olhos a fazer cócegas no meu cérebro, derretido em banho-maria,

que causa um sorriso na cara automático.

 

Quero o teu beijo à chegada,

e quero-o de volta à saída.

Quero oferecer-te o meu tempo.

Quero que partilhes o meu coração,

com a minha família, os meus amigos e com a minha arte. 

 

Quero ir vestido a rigor contigo a um evento que ambos não queremos ir.

Amar mais as tuas imperfeições que as tuas perfeições.

Quero o nosso silêncio não constrangedor.

 

Quero saber as histórias das tuas cicatrizes.

Fazer duetos desafinados no carro.

Que me ensines tudo sobre as tuas paixões.

Quero receber uma mensagem inesperada que não seja da Yorn.

Quero que os meus pensamentos cheirem ao teu perfume. 

 

Quero discutir filmes com finais ambíguos contigo.

Olhar para o que está por detrás dos teus olhos.

Quero falar contigo através de telepatias de pupilas e sobrancelhas.

Quero tocar-te inapropriadamente debaixo da toalha de mesa de um restaurante.

 

Quero o nosso sexo apaixonado.

Foda-se… sexo apaixonado…

Aposto que não há dildo vibrador que bata o amor.

 

Quero que sejamos um…

ou dois, ou três, ou quatro ao mesmo tempo.

Entrelaçados com nós de braços e pernas.

Quero foder a tua alma.

Foder a tua voz.

Quero que te esqueças do teu nome.

Que os nossos corpos dancem como uma fogueira,

e que soltes espasmos de fagulhas.

Quero balançar contigo entre as profundezas do oceano e o limite da atmosfera, onde lutamos por ar.

Sexo apaixonado… hm. 

 

Quero conhecer e agradecer a todos os ingredientes do cocktail que te criou.

”Muito prazer Sr.Sogro.”

Aquele bacalhau de mão a tremer.

Garganta seca.

Eu sei que está a sorrir mas,

com todo o respeito e espero que não me leve a mal,

se soubesse as voltas que as pernas da sua filha deram na minha cama há umas horas atrás,

em vez da mão, estaria a apertar-me o pescoço. 

 

Mas eu prometo que a trato como a rainha que é, não tem de se preocupar.

Os meus pais ensinaram-me bem.

Para compensar, aceite as minhas ofertas.

Trouxe bom vinho, uns Beijinhos das Caldas para a mãe,

e o sorriso da sua filha. 

 

Já te imaginei na minha cabeça 1 milhão de vezes.

Mas continuas sem cara nem corpo.

Estou curioso para saber quem és.

Não vejo a hora de te conhecer. 

 

Assim sendo,

o jogo está lançado.

Lá estarei na interseção dos nossos trilhos.

Não te esqueças, não vale atalhos nem trapaças.

Vale desvios, podem ser necessários,

mas apenas se derem pistas para a próxima direção. 

 

E por favor,

não te percas pelo caminho.